Os marxistas e a religião.



 O filósofo e revolucionário alemão Karl Marx era ateu. Afirmava que religião é "o ópio do povo". Queria com isto afirmar que esta existe para encobrir o verdadeiro estado das coisas numa sociedade, tornando os indivíduos mais receptivos ao controle social e a exploração. Concomitantemente, afirmava que a religião era "a alma de um mundo sem alma", querendo assim dizer que a experiência religiosa surgia como uma reação normal de busca de sentido numa realidade social alienante.


 A insegurança em relação à vida leva as pessoas a buscarem um consolo nas religiões, acreditando em uma outra vida e em uma explicação fácil para o que acontece (tudo é "a obra de Deus"). Isso se fortalece nos momentos de crises econômicas, de grandes calamidades ou quando se perde a expectativa de transformar a sociedade. As pessoas acabam se voltando para saídas místicas, tanto nas religiões tradicionais ou em crenças esotéricas. A expansão das seitas pentecostais e dos católicos carismáticos do Padre Marcelo são exemplos dessa tendência. 

 A saída religiosa no fundo é a tentativa das pessoas de escapar dos problemas concretos da sociedade, sem enfrentá-los, compensando as desilusões e misérias da vida com promessas celestiais.  Essa opção não exige nada além da própria crença, sem se opor à ordem vigente e a seus representantes, que a incentivam e a utilizam. A burguesia se utiliza das religiões para manter a exploração capitalista, da mesma forma que outras classes dominantes no passado. O fatalismo, a passividade e a submissão são conseqüências ideológicas comuns da aceitação de que tudo que acontece é "vontade de Deus", e que haverá uma "vida eterna e feliz depois da morte". "A religião é o ópio do povo", é uma das mais conhecidas frases de Karl Marx que demonstra como é o ser humano que faz a religião. Em outras palavras, que não foi Deus que criou homens e mulheres, mas, ao contrário, foram eles quem criaram Deus, deuses que os assombram e os oprimem.
 Marx quer dizer com isso que a incapacidade do ser humano em compreender sua relação com a natureza e as verdadeiras relações sociais faz com que ele procure nos céus a resposta para sua situação, ou, como ele afirmou: "a miséria religiosa é, por um lado, a expressão da miséria real, e, por outro, o protesto contra a miséria real". Ou seja, o ser humano procura na religião a saída para a sua miséria concreta. 
 Não temos, tampouco, nenhum acordo com a utilização de valores religiosos para pautar questões de Estado, como leis e direitos. Como também é inaceitável que a Igreja, como instituição, intervenha no Estado e dele se beneficie, como acontece no capitalismo. A Igreja possui empresas, escolas, terras, e muitas vezes obtém lucros pela fachada "filantrópica". 
 Não cabe aqui, em poucas linhas, convencer da superioridade da concepção materialista. Os marxistas defendem a ampla liberdade de consciência e que cada um escolha livremente no que acredita ou não. Para Lênin, "o Estado não deve ter nada que ver com a religião, as sociedades religiosas não devem estar ligadas ao poder de Estado. Cada um deve ser absolutamente livre de professar qualquer religião que queira ou de não aceitar nenhuma religião, isto é, de ser ateu, coisa que todo o socialista geralmente é. São absolutamente inadmissíveis quaisquer diferenças entre os cidadãos quanto aos seus direitos de acordo com as crenças religiosas".                                                                                                                           O importante para os revolucionários é que se acredite que são homens e mulheres que fazem sua própria história e que, acabar com a miséria e a opressão é uma tarefa concreta e imediata, que não pode ser jogada para o reino dos céus.

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Achei interessantíssima a matéria, apesar de não concordar com tudo.


O papa Bento XVI tem razão: o marxismo não é mais útil. Sim, o marxismo conforme muitos na Igreja Católica o entendem: uma ideologia ateísta, que justificou os crimes de Stalin e as barbaridades da revolução cultural chinesa. Aceitar que o marxismo conforme a ótica de Ratzinger é o mesmo marxismo conforme a ótica de Marx seria como identificar catolicismo com Inquisição. Poder-se-ia dizer hoje: o catolicismo não é mais útil. Porque já não se justifica enviar mulheres tidas como bruxas à fogueira nem torturar suspeitos de heresia. Ora, felizmente o catolicismo não pode ser identificado com a Inquisição, nem com a pedofilia de padres e bispos.

Do mesmo modo, o marxismo não se confunde com os marxistas que o utilizaram para disseminar o medo, o terror, e sufocar a liberdade religiosa. Há que voltar a Marx para saber o que é marxismo; assim como há que retornar aos Evangelhos e a Jesus para saber o que é cristianismo, e a Francisco de Assis para saber o que é catolicismo.

Ao longo da história, em nome das mais belas palavras foram cometidos os mais horrendos crimes. Em nome da democracia, os EUA se apoderaram de Porto Rico e da base cubana de Guantánamo. Em nome do progresso, países da Europa Ocidental colonizaram povos africanos e deixaram ali um rastro de miséria. Em nome da liberdade, a rainha Vitória, do Reino Unido, promoveu na China a devastadora Guerra do Ópio. Em nome da paz, a Casa Branca cometeu o mais ousado e genocida ato terrorista de toda a história: as bombas atômicas sobre as populações de Hiroshima e Nagasaki. Em nome da liberdade, os EUA implantaram, em quase toda a América Latina, ditaduras sanguinárias ao longo de três décadas (1960-1980).

O marxismo é um método de análise da realidade. E, mais do que nunca, útil para se compreender a atual crise do capitalismo. O capitalismo, sim, já não é útil, pois promoveu a mais acentuada desigualdade social entre a população do mundo; apoderou-se de riquezas naturais de outros povos; desenvolveu sua face imperialista e monopolista; centrou o equilíbrio do mundo em arsenais nucleares; e disseminou a ideologia neoliberal, que reduz o ser humano a mero consumista submisso aos encantos da mercadoria.

Hoje, o capitalismo é hegemônico no mundo. E de 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta, 4 bilhões vivem abaixo da linha da pobreza, e 1,2 bilhão padecem fome crônica. O capitalismo fracassou para 2/3 da humanidade que não têm acesso a uma vida digna. Onde o cristianismo e o marxismo falam em solidariedade, o capitalismo introduziu a competição; onde falam em cooperação, ele introduziu a concorrência; onde falam em respeito à soberania dos povos, ele introduziu a globocolonização.

A religião não é um método de análise da realidade. O marxismo não é uma religião. A luz que a fé projeta sobre a realidade é, queira ou não o Vaticano, sempre mediatizada por uma ideologia. A ideologia neoliberal, que identifica capitalismo e democracia, hoje impera na consciência de muitos cristãos e os impede de perceber que o capitalismo é intrinsecamente perverso. A Igreja Católica, muitas vezes, é conivente com o capitalismo porque este a cobre de privilégios e lhe franqueia uma liberdade que é negada, pela pobreza, a milhões de seres humanos.

Ora, já está provado que o capitalismo não assegura um futuro digno para a humanidade. Bento XVI o admitiu ao afirmar que devemos buscar novos modelos. O marxismo, ao analisar as contradições e insuficiências do capitalismo, nos abre uma porta de esperança a uma sociedade que os católicos, na celebração eucarística, caracterizam como o mundo em que todos haverão de "partilhar os bens da Terra e os frutos do trabalho humano". A isso Marx chamou de socialismo.

O arcebispo católico de Munique, Reinhard Marx lançou, em 2011, um livro intitulado O Capital – um legado a favor da humanidade. A capa contém as mesmas cores e fontes gráficas da primeira edição de O Capital, de Karl Marx, publicada em Hamburgo, em 1867."Marx não está morto e é preciso levá-lo a sério", disse o prelado por ocasião do lançamento da obra. "Há que se confrontar com a obra de Karl Marx, que nos ajuda a entender as teorias da acumulação capitalista e o mercantilismo. Isso não significa deixar-se atrair pelas aberrações e atrocidades cometidas em seu nome no século 20".

O autor do novo O Capital, nomeado cardeal por Bento XVI em novembro de 2010, qualifica de "sociais-éticos" os princípios defendidos em seu livro, critica o capitalismo neoliberal, qualifica a especulação de "selvagem" e "pecado", e advoga que a economia precisa ser redesenhada segundo normas éticas de uma nova ordem econômica e política."As regras do jogo devem ter qualidade ética. Nesse sentido, a doutrina social da Igreja é crítica frente ao capitalismo", afirma o arcebispo.

O livro se inicia com uma carta de Reinhard Marx a Karl Marx, a quem chama de "querido homônimo", falecido em 1883. Roga-lhe reconhecer agora seu equívoco quanto à inexistência de Deus. O que sugere, nas entrelinhas, que o autor do Manifesto Comunista se encontra entre os que, do outro lado da vida, desfrutam da visão beatífica de Deus.


* Frei Betto é escritor e assessor de movimentos sociais
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Ser marxista.



"Ser marxista é, antes de mais nada, ser anticapitalista, ou seja, lutar pela construção de uma sociedade sem classes, que suprima a exploração do homem pelo homem e a propriedade privada dos grandes meios de produção, criando condições para que as relações entre os homens sejam fundadas na solidariedade e não no egoísmo do mercado. Claro, ser marxista não é repetir acriticamente tudo o que Marx disse. Marx morreu há cerca de 120 anos e muita coisa ocorreu desde então. Mas, sem o método que ele nos legou, é impossível compreender o que ocorre no mundo. Ele nos disse que o capital estava criando um mercado mundial, fonte de crises e iniquidades  e nunca isso foi tão verdadeiro quanto no capitalismo globalizado de hoje. Falou também em fetichismo da mercadoria, na conversão do mercado num ente fantasmagórico que oculta as relações humanas, e nunca isso se manifestou tão intensamente quanto em nossos dias, quando lemos na imprensa barbaridades do tipo 'o mercado ficou nervoso'." (Carlos Nelson Coutinho)
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Tome cuidado eu acordei.



A cada ano que vivo em meio a sociedade,
a cada conversa, a cada entendimento 
me converso de que não há nada
                  Melhor que o tempo e um longo 
                 caminho para fazer de nós pessoas
                 totalmente libertas.
Os sofrimentos, os projetos, as teorias  e metas sonhadas não e em vão.
Represálias, criticas ou tentativa de correção
me ajuda a ser cada vez mais capaz. 
              Quem se expõem,  se  compromete.
              Quem se compromete, amadurece .
              Quem amadurece, tornasse referencia
               aos que começam a se entregar a realidade.
Perguntas e perguntas, tende a me perturba, o humanidade tu queres realmente mudar ?
Ho povo sofredor, olhe para seu lado e veja de onde vem sua dor.
Deixe de lado essa religião, pare de dizer que tudo no céu terá solução.
             Vamos lutar agora, vamos acorda.
             Vamos fazer a ruptura do capitalismo acontecer.
             Vamos lutar, agir e pensar.
             Autogestão já...
                                                                                                                                 Grace k.
     
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A 195 anos atrás, nascia Marx.

Quanto menos comes, bebes, compras livros e vais ao teatro, pensas, amas, teorizas, cantas, sofres, praticas esporte, etc., mais economizas e mais cresce o teu capital. És menos, mas tens mais. Assim todas as paixões e atividades são tragadas pela cobiça.
Karl Marx.

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A Teoria Social de Karl Marx

Para aprofundar o conhecimento do pensamento de Marx, o ideal seria ler suas obras, especialmente O Capital, A Guerra Civil na França, Ideologia Alemã, entre outras. Também "Escritos Metodológicos de Marx", de Nildo Viana; Marx, Elogio Crítico, de Carlos Debrito; Marxismo e Filosofia, do Korsch; Marx e os Marxismos, entre outros.
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